Brasilia - DF {1}

Sento-me, e Paula senta ao meu lado, grudada em mim:
- Mas e ai Paulinha, você se formou é? O que fez?
Sabes que sou um ginecologista agora, não?
Acendo um cigarro~
- Você traga paulinha?
Dali do quinto andar era baixo, e se via tudo lá em baixo.
Não sei se foi uma ilusão de ótica, mas acho que vi um cara pelado passar em cima de uma moto.
E eu conhecia aquela moto, só não me lembro de onde.

Vou para o meu apartamento. Paro no caminho para comprar cigarros na lojinha de sempre.
--Me desculpe, senhora, mas sabe como que é o vicio né?
Pago e entro na garagem.
Enquanto subo pelo elevador penso na garota no hospital.
Entro no meu apartamento e vou direto trocar de roupa.
Coloco um jeans e uma camisa aberta. Roupas que nunca usaria.
Não esqueço do embrulho.


Me lembro da amiga da Lara.
A única que pode me ajudar.
--Paula...
Acendo meu cigarro e parto.

Logo fui percebendo, eu tava mesmo grudada no Fred.
- Me formei em arquitetura, aah, eu fiquei sabendo sim.. ouvi falar.
Nem esperei ele responder o que queria beber, peguei duas cervejas e dei uma na mão dele.
- Não, não fumo não.
Por um segundo percebi que ele olhou atentamente pra janela e resolvi perguntar..
- Viu algo aí fora?
Juntei-me com ele pra ver o que era.
''Caramba, é aquele motoqueiro que foi atropelado.. deve estar saindo do hospital, será que o Fred conheçe ele?''
- Hm, conheçe esse cara da moto?

Respondo a Paula:
-ah sim, isso é... conheço de vista, mas eeerr... Paula, ele está entrando aqui !!!
Percebi o que ele queria, confusão.
- Olha paula, conheço esse cara, ele vem proucurar confusão. Não sei como ele sabe que estou aqui, deve ser pelo meu fusca. Fique aqui que vou resolver isso com ele, lá em baixo.
Desço correndo as escadas, e ali estava ele:
- O QUE VOCÊ QUER??

Me assustei na hora, percebi que Fred o conhecia. Ele saiu correndo de casa, foi atrás do cara da moto.
Corri até a porta e gritei pelo Fred, mas ele já tinha descido as escadas.. encostei a porta e desci também.
Me deparei com um cara bem vestido discutindo com o Fred, era realmente o cara que tinha sido atropelado.

--Tome aqui...

Jogo o embrulho para o dono do fusca azul.

--Conversei com uma amiga minha no hospital. Tu nem deves saber mas fui atropelado - Sorrio - E ela me deu uma ídeia. Topa uma viagem pelo mundo?

--Pode chamar teus amigos e esta bela amiga tua.

--Quanto a Lara, não quero saber dela. Boa Sorte. Se topar meu número está ai.



Monto na moto e saio pela noite...

- An, oh, qua? .......

Nossa, eu sou um otario, julgando as pessoas; ele não queria confusão.
Mas também, dar atenção para um maluco desse?? Não; o cara é pirado.
Ele quer dar uma volta ao mundo, acho que é isso. Ideia de louco.

Subo com Paula para o ap dela, novamente:
- Paulinha, mas que loucura não? Ele me deu esse embrulho; será que é uma bomba?

(ABRO...)

Olhei a conversa dos dois, pareçem ser brigados, ou algo do tipo.
Fred me puxou pro apartamento, subimos. Eu olhava atentamente pro embrulho.
''O que será que é ein? ..''
Fred também estava curioso, começou a abrir..

Andando pela noite me lembro do embrulho:

*Alguns mapas,

*Rotas de viagem,

*5 bilhetes de viagem para o Rio de Janeiro.



"Espero que ele aceite minha desculpas."

Acendo mais um cigarro.

Esse cara é louco, será que está tentando se desculpar comigo? (penso)
Vou ligar pra ele.
Acendo um cigarro, tiro meu celular do bolso e ligo para Jorge.
- Alô? Cara não entendi, me explica isso, estou confuso;

Fred tira mapas, roteiros e passagens do embrulho. Agora minha dúvida aumentou mais ainda.
Ele tira o celular do bolso e liga pro cara do embrulho, e eu fico parada escutando a conversa.

--Não é isso. Enquanto eu estava na cama do hospital, vi uma garota da nossa idade numa cadeira de rodas.

--Ela me contou a história dela. Era super feliz e tinha feito uma viagem com seus amigos, mas sofreram um acidente. Ela foi a única a se machucar e disse que estava feliz pois agora já podia morrer em paz pois tinha feito algo de bom com os amigos. No outro dia ela morreu e morreu sorrindo.

Mais um trago no cigarro.

--Topa uma viagem?

Outro trago e desço da moto em frente a casa da minha prima Lara.

Deixo um bilhete na portária dizendo que gosto dela e asism que possível me ligasse.

Volto para casa.

- E você pretende que nós nos paremos na cadeira de rodas também?
- VOCÊ É PIRADO CARA, PIRADO !
*Desligo o celular na cara dele*

Uma tragada no meu cigarro, olhar no olhar de Paula.
Ligo para Jorge novamente.

- CARA VOCÊ É PIRADO ! EU TOPO !

--Então, daqui a dois dias no aeroporto portão 3. Se possível leva uns maços de cigarro.
Desligo.
Deitado no meu sofá começo a me lembrar da minha infancia.
Seria uma longa noite.
"Maldição. Não comi nada ainda."

Preparo um nhoque e acendo o cigarro.

''Cara, estou literalmente boiando. Primeiro o Fred grita e desliga o telefone, logo liga de novo gritando eu topo.''

- Err.. Fred, hm.. o que tá acontecendo?

Paula me olhava abismada; antes dela falar algo, atropelei-a:
- Entrei pro clube dos pirados; quer entrar também?
Sentei-me no sofá, esperando a resposta, Paula me olhava abismada ainda.
Acendi um novo cigarro; Traguei com vontade, purificando meus pulmões.
Aiii vida louca.

Pulei quando escutei. Realmente minha vida iria ficar um tédio depois da faculdade, já imaginava.
Gritei,
- SIM SIM!
Parecia que tinham me perguntado se eu queria conheçer o Alex Turner.
''Nossa, acho que exagerei, ele vai achar que sou uma louca.''

Começo a cantarolar:
---TANGERINA É MELHOR DO QUE LARANJA.
--Viva la vida loka.
Me arrumo com a minha melhor roupa e vou no meu restaurante Chines favorito.
--O de sempre e agora bem especial, talvez seja meu ultimo

Paula nem quis ouvir o que era, e já dava pulos de exitação:
- Olha, aquele pirado quer dar a volta ao mundo, e eu pirei e aceitei; e pelo visto você também aceitou, todos piramos.
Pego um cigarro e acendo a ponta errada dele; realmente eu estava pirando.
- A viagem é daqui a 3 dias, vamos para o Rio.

Trago cigarros.
Vários cigarros, muitos cigarros.
Fico com pena de Paula; ela não fuma cigarros.
Mas Paula me observa.
Não agüentava mais fumar em pé, então sentei-me:
- Paula, deixa-me durmir aqui, preciso de companhia.
Paula me olhava, mas antes que ela me pudesse me responder...
(Tudo que quer me dar, é deemaiis, é pesadoo, não á paz...)
Músiquinha do meu celular cantarolava; olho quem é e vejo que é Lara:
- Alô Lara, diga...

--Maldição... Será que o maldito porteiro não entregou o maldito bilhete?
Pago a conta e volto para casa.
"Já se passaram 4 dias desde que me formei e minha vida continua a mesma."
Pego meu esqueiro e fico brincando com ele.
Um presente de meu pai, nunca falei dele com ninguem.
Acendo um cigarro.
Pago a conta e volto para casa.

Vou para a porta da casa da Lara e fico olhando para a sacada dela.
"Nem vou interfonar, se ela não ligou não deve me querer..."
--Maldição...
Subo na moto e fico pensando se parto ou não.

--Vim te ver, depois daquele "surto" no hospital não nós vimos mais.
"Estou sem palavras, a cada dia ela fica mais linda."
--Aquilo saindo do teu apartamento não é fumaça?
E pior que parecia mesmo.
--Tu nem me beijastes...